
Introdução
Em geral, atletas de modalidades esportivas de combate de domínio têm apresentado grandes flutuações de massa corporal, pois utilizam a redução da massa corporal para se enquadrarem no limite superior de determinada categoria, às vezes em questão de horas. Para isso acontecer, a desidratação passa a ser uma conduta comum durante temporadas competitivas.
Entretanto, a redução drástica de peso por práticas de dietas abusivas ou uso de diuréticos afeta consideravelmente o desempenho atlético do atleta, sendo muito difícil que um indivíduo tenha 100% de rendimento no esporte se não se alimentar corretamente.
A não adequação da dieta por parte do atleta pode gerar conseqüências como apresentar insuficiência nutricional em proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas ou sais minerais, nutrientes estes que são fundamentais para a formação do sangue (hemoglobina), fortalecimento dos ossos e o perfeito funcionamento do fígado, coração, intestino e cérebro, entre outras funções indispensáveis para a saúde.

Intervenção Nutricional em Atletas de Jiu Jitsu
Esta página tem como objetivo apresentar de forma resumida os principais resultados e discussão de um estudo feito com lutadores de jiu jitsu. Para acessar o arquivo completo é só clicar no ícone em PDF no final da página.
Este estudo teve como objetivo avaliar os parâmetros antropométricos, bioquímicos e nutricional de atletas universitários da modalidade de jiu-jitsu.
Foram acompanhados 20 atletas durante nove meses, que tiveram avaliados: massa gorda, massa corporal, estatura, IMC, circunferência da cintura (CC), dobras cutâneas, dados bioquímicos, ingestão alimentar e hidratação.
O intuito maior foi demonstrar que, na maioria das vezes, intervenções convencionais apresentam resultados positivos, sem o uso de suplementos, medicamentos ou estratégias muitas vezes questionáveis.

Avaliados quanto à relação circunferência da cintura e risco associado a complicações
metabólicas pôde-se verificar que 52% dos avaliados apresentaram medidas da
circunferência da cintura adequadas, porém, 34% apresentaram risco aumentado e 14%
apresentaram risco muito aumentado de complicações metabólicas
Quanto aos valores da CK encontradas neste estudo, observa-se que 100% dos atletas apresentavam valores superiores aos de normalidade, possivelmente devido aos impactos com o oponente e com o tatame, ocasionando, entre outras lesões, o hematoma auricular (100% da amostra apresentam) comum entre os adeptos do esporte. Valores de CK significativamente aumentados em decorrência de estímulo destas modalidades aponta dano muscular significativo pós lutas; tal fato pode estar intimamente relacionado à hipóxia tecidual, depleção de glicogênio muscular, peroxidação lipídica e acúmulo de espécies reativas de oxigênio.
Os níveis de CT, LDL-C, TGC, Creatinina, Glicemia e Ck tiveram uma redução significativa entre os momentos T1 e T2 que pode ser atribuída a intervenção nutricional com o planejamento alimentar adequado e também há inserção de alimentos antioxidantes. Enquanto a glicemia aumentou. Outros indicadores como HDL-C, VLDL-C e hemoglobina não foram alterados, por isso não foram apresentados na tabela.

Analisando as principais estratégias utilizadas pelos atletas para perda de peso que fizeram parte do estudo, podemos constatar que as mais utilizadas são: restrição de líquidos, semi-jejum, uso de roupas para aumentar a taxa de sudorese, jejum.
Notou-se que antes do treino os atletas optam pelo consumo de água, durante o treino a maioria escolhe a água como solução, entretanto também há o consumo de bebida carboidratada, e após o treinamento há um maior consumo de bebida carboidratada preferencialmente a água.
Em relação as soluções consumidas para reidratação pelos atletas de jiu-jitsu nota-se que a água é a bebida preferida a ser consumida, seguida de bebida carboidratada e refrescos.
A tabela 2 apresenta os cálculos nutricionais que apresentaram diferença antes da intervenção e após a intervenção de acordo com a média dos 4 dias dos diários alimentares. Outros nutrientes foram estimados, como carboidratos, proteínas, cálcio, ferro, folato, tiamina, riboflavina, piridoxina, mas não tiveram diferença entre antes da intervenção e após a intervenção.

A densidade urinária média aumentou do início para o final da sessão do treinamento, mas ainda caracteriza um estado de hidratação normal.
Apesar da anemia detectada as recomendações de Fe foram atingidas pela alimentação, reforçando ainda mais a hipótese da anemia do atleta já descrita, os possíveis fatores apresentados abaixo podem explicar os níveis baixos de hemoglobina encontrados nos atletas do estudo.
As perdas e déficits de Fe nos atletas podem ser conseqüência de diversos fatores, sendo que na maioria das vezes há a sobreposição de várias dessas causas. As causas podem ser divididas em: fatores nutricionais e as ocasionadas por aumentos das necessidades e/ou das perdas de Fe. Entre os fatores nutricionais se destacam a ingestão insuficiente de Fe e a absorção intestinal reduzida pela própria composição da dieta. Já entre as causas devidas ao aumento das necessidades e/ou perdas podemos incluir: aumento da mioglobina e dos sistemas enzimáticos devido ao treinamento muscular; hemólise aumentada por redução da meia-vida das hemácias; os contínuos traumatismos mecânicos sobre as hemácias, principalmente nos esportes com golpes freqüentes palmares ou plantares (caratecas ou corridas sobre superfícies duras) provocam um enfraquecimento progressivo da membrana da hemácia que dá lugar a uma micro-hemólise acelerada

É de saber que a perda brusca de líquidos promove vários efeitos fisiológicos como: redução de força muscular, fadiga, redução na eficiência do miocárdio, perda de fluido renal, depleção do glicogênio no fígado, e perda de eletrólitos pelo corpo.
Dessa forma, um aumento no consumo de bebidas carboidratadas seria recomendado para melhorar o desempenho durante o treino, o consumo de uma bebida carboidratada auxilia na manutenção da glicemia sanguínea, adia o aparecimento da fadiga e apresenta rápida absorção intestinal

Quanto as variáveis antropométricas houve uma diminuição de todas as variáveis estudadas, o que representa fator positivo para o peso corporal, gordura e percentual de gordura, mas não para a massa magra, que também apresentou redução, podendo ter sido causado pela manutenção dos treinos com alto gasto energético e dieta hipocalórica proposta nos atendimentos para os que necessitavam.

Os atletas estudados receberam cardápios individualizados, respeitando os hábitos alimentares conhecidos por meio de inquérito alimentar; os mesmos foram devidamente estabelecidos de acordo com as recomendações nutricionais diárias para homens na faixa etária de 19 à 30 anos quanto às modificações dietéticas.
O estudo é uma prova de que através de um planejamento alimentar adequado para os atletas é possível melhorar indicadores antropométricos, bioquímicos e dietéticos, melhorando a performance dos indivíduos e contribuindo para saúde e adequação do estado nutricional.
Além disso valores baixos de hemoglobina e altos de creatina quinase podem ter relação direta com a prática do esporte jiu jitsu, uma vez que a execução de quedas e estrangulamentos pode provocar hemólise das hemácias e hipóxia tecidual, causando alterações nesses indicadores, respectivamente.
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