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Dietas com teor elevado de gordura e baixo de carboidrato (EGBC) têm recebido considerável atenção nos últimos anos, particularmente para os efeitos benéficos que têm sido relatados sobre os marcadores de risco cardiovascular em indivíduos com sobrepeso e obesidade [1]. No entanto, alguns dos resultados destes estudos têm sido inconsistentes, particularmente no que diz respeito à inflamação.

 

Por exemplo, melhora na inflamação sistêmica têm ocorrido em vários estudos em que uma dieta EGBC é consumida, enquanto outros têm relatado melhoras em dietas com teor baixo de gordura, e elevado em carboidratos (BGEC) [2, 3, 4, 5, 6, 7]. Algumas dessas discrepâncias em resultados pode ser devida a uma maior perda de peso obtida pela dieta com alto teor de gordura (50-60% kcal), baixa de carboidratos (20-60 g / d de carboidratos) em comparação com uma dieta baixo teor de gordura (20-30% kcal), e rica em carboidratos (50-60% kcal).

 

A primeira figura mostra alguns marcadores de inflamação que estão diretamente associados ao aumento do risco para eventos cardiovasculares.

 

A inflamação, por sua vez, está relacionada a diversas doenças, aumentando o risco de desenvolvimento destas, conforme mostra a segunda figura.

 

 

Consumir uma dieta hipocalórica com teor elevado de gordura e baixo em carboidratos durante 12 semanas reduz proteína C-reativa, aumenta adiponectina sérica e HDL-C em indivíduos obesos.

 

O estudo projetou a intervenção para promover igual perda de peso entre duas dietas que variam em composição de macronutrientes, mas com déficits calóricos idênticos. O objetivo deste estudo foi determinar os efeitos de dietas hipocalóricas EGBC e BGEC sobre a mudança nas medidas antropométricas, perfil lipídico, glicemia, metabolismo e função vascular em adultos obesos.

 

Além disso, a perda de peso demonstrou reduzir a inflamação associada a obesidade [8, 9, 10, 11] e há algumas evidências que sugerem que a melhoria na inflamação do tecido adiposo com a perda de peso também pode ser influenciada pelo conteúdo de macronutrientes da dieta [12].

 

A figura ao lado mostra os efeitos da obesidade na inflamação. E abaixo a figura mostra os sinais cardeais da inflamação.

 

Assim, o objetivo secundário deste estudo foi determinar como o conteúdo de macronutrientes afeta a inflamação sérica e no tecido adiposo após a moderada perda de peso em um grupo de obesos saudáveis.

 

O grupo EGBC teve pressão arterial sistólica e diastólica mais baixa após a perda de peso e essas mudanças não foram observados no grupo BGEC.

 

A foto ao lado mostra a diferença entre pressão diastólica e sistólica.

 

À semelhança de relatos anteriores, verificou-se que indivíduos obesos que consumiram a dieta EGBC por 12 semanas tiveram triglicerídeos (TGC) 23% menor (sem ajustes) e concentrações de colesterol HDL 11% mais elevado, mas essas medidas não foram afetadas no grupo BGEC apesar de déficits calóricos similares. Isto sugere que a composição de macronutrientes, e não o total de calorias, influencia os parâmetros de lipídios no sangue. De acordo com essas descobertas, diversos estudos anteriores relataram que dietas com baixo teor de carboidratos diminuem os níveis séricos de triglicerídeos e aumentam o colesterol HDL [3, 13, 14, 15, 16, 17].

 

A 1a foto abaixo mostra que os TGC altos, e baixo HDL aumentam o risco de aterosclerose. E a 2a foto mostra como se desenvolve a aterosclerose e as consequências.

Uma maior proporção de indivíduos que consumiram a dieta EGBC tiveram perda de peso maior do que 5% do peso corporal. Isto sugere que aqueles do grupo de EGBC foram mais complacentes com as diretrizes dietéticas e a restrição calórica

 

Diversos estudos (intervenções de 4 a 24 semanas) também relataram maior perda de peso em indivíduos com sobrepeso / obesidade que consumiram dieta hipocalórica EGBC em comparação com dietas BGEC [3, 4, 5, 6, 18, 19, 20, 17, 21].

 

No presente estudo, os indivíduos que consumiram a dieta EGBC melhoraram os marcadores sanguíneos de inflamação. É bem documentado que as proteínas de fase aguda, PCR-as, estão associada com o aumento do risco de doenças cardiovasculares [22]. No presente estudo, o grupo EGBC mostrou uma redução significativa nas concentrações séricas de PCR-as em relação ao Grupo BGEC, sugerindo um efeito benéfico no risco de doença cardiovascular naqueles que seguem dieta com pouco carboidrato.

 

Por outro lado, altos níveis séricos totais de adiponectina HMW têm sido associados com menor risco de doença cardiovascular [23]. A adiponectina é um mediador derivado do tecido adiposo que possui tanto propriedades de sensibilização da insulina e como anti-inflamatória [24]. Observou-se concentrações totais maiores de adiponectina quando a dieta EGBC foi consumida. De acordo com o presente estudo, as dietas com pouco carboidrato têm sido relatadas em melhorar a inflamação sistêmica, incluindo a diminuição da PCR e o aumento da adiponectina [2, 3, 4].

A foto acima mostra os efeitos da Adiponectina no organismo. (FFA = Ácidos Graxos Livres). Para acessar o artigo completo clique no ícone abaixo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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