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O tratamento da obesidade, baseado em dieta e atividade física, com o objetivo de uma perda ponderal de 5% a 10% do peso inicial, parece ser medida efetiva para controlar as alterações metabólicas e os fatores de risco cardiovascular.

 

Porém, observam-se altas taxas de insucesso desse tratamento principalmente pela baixa adesão aos programas dietéticos, dificuldade de emagrecimento e precária manutenção dos resultados. Inelmen et al.5 apontam que, entre os fatores que podem dificultar a adesão ao tratamento da obesidade, destacam-se os problemas pessoais, a ausência de apoio familiar, a falta de motivação e os resultados negativos na perda de peso durante o tratamento. Segundo os mesmos autores, estudos clínicos têm demonstrado taxa de desistência de até 80%.

 

Acredita-se que novas estratégias de atendimento nutricional devam ser desenvolvidas para promover uma motivação autônoma. O paciente torna-se, assim, capaz de identificar barreiras para o autocontrole e desenvolver mecanismos para superá-las. O indivíduo deverá prevenir recaídas, fazer melhores escolhas diante dos desafios cotidianos (empowerment) e adquirir a habilidade para resolver problemas e, portanto, obter melhores resultados no tratamento da obesidade.

 

Adesão a um programa de aconselhamento nutricional para adultos com excesso de peso e comorbidades

 

O texto apresenta o resumo do artigo. Para acessar o artigo completo clique no ícone em PDF no final da página.

Oitenta adultos, de ambos os sexos, com índice de massa corporal entre 25 e 35kg/m², portadores de dois ou mais fatores de risco cardiovascular associados foram alocados aleatoriamente em dois grupos para acompanhamento por três meses. O grupo de intervenção com aconselhamento nutricional em grupo recebeu atendimento individual e participou de seis reuniões grupais para discussão sobre alimentação saudável e atividade física, com dinâmicas e método participativo. O grupo--controle, com atendimento padrão individual, foi assistido em três consultas ambulatoriais.

 

Os fatores mais citados pelos voluntários como barreira à adesão ao tratamento foram fazer refeições fora de casa (46,7% - API) e dificuldade em aplicar os conhecimentos na prática, principalmente em eventos sociais (33,3% - ANG) em ambos os grupos.

 

De acordo com a análise do QFA simplificado, não houve diferença significativa entre os grupos ao longo do tempo entre as variáveis estudadas. Verificou-se, no entanto, que o percentual médio do uso de temperos naturais e do número de refeições ao dia aumentou significativamente quando comparado à situação anterior e posterior à intervenção.

 

Com relação ao padrão alimentar quantitativo, houve redução média não significativa no consumo energético de 433kcal e de 416kcal em relação a situações anteriores e posteriores para o grupo ANG e API. Quando realizada a análise entre os grupos, novamente a redução não foi estatisticamente significativa.

 

Nesse estudo, dois grupos de pacientes com excesso de peso foram acompanhados durante três meses, recebendo orientação nutricional específica para mudança no comportamento alimentar e, consequentemente, para redução dos fatores de risco cardiovascular.

 

O estudo sugere que a adesão pode ser facilitada quando se envolve a família em função do seu contexto e do suporte tão importantes para o manejo da obesidade.

 

É comum encontrarmos referências de baixa adesão ao tratamento nutricional a curto e longo prazo.

 

Diferentes autores apontam outras estratégias para diminuir as perdas inerentes ao tratamento convencional: estabelecer metas realistas, programas que associem atividade física e educação nutricional, além do suporte social e familiar ou sugerem ainda o estabelecimento de uma aliança terapêutica que dê ao paciente a possibilidade de solucionar problemas relacionados à alimentação.

 

Estudos sugerem como fatores preditores de boa adesão: ter elevado grau de motivação intrínseca, manter assiduidade aos encontros, ser mais ativo,

ser do sexo masculino, ter idade avançada, apresentar IMC menor, ausência de tratamentos anteriores e de história familiar de obesidade

 

Fazer refeições fora de casa e dificuldade em aplicar, na prática, os conhecimentos, principalmente em eventos sociais, foram os fatores

limitantes mais citados pelos voluntários deste estudo. Para Rickheim et al.16 e Schlundt et al., a adesão relaciona-se com fatores inseridos no contexto domiciliar, de trabalho e social. As desistências podem estar relacionadas também ao maior número de doenças associadas e à depressão.

 

Os resultados mostraram que a despeito do emprego de um modelo de intervenção com abordagem diferenciada, aplicação de dinâmicas de grupo e conteúdo diversificado, o aconselhamento nutricional em grupo proposto obteve adesão compatível com resultados da literatura, porém insuficiente para determinar nível maior ou diferenciado quando comparado ao grupo controle de atendimento padrão. Verificou-se que independentemente do tipo de acompanhamento, houve pouca repercussão nas práticas alimentares.

 

Alguns programas podem falhar diante da complexidade do problema e das inúmeras dificuldades impostas no ambiente urbano atual. O tempo ideal de intervenção, o modelo a ser empregado para públicos distintos, assim como envolvimento de suporte social e familiar ainda não estão completamente esclarecidos e podem ter influenciado os resultados desse estudo. Como a obesidade é uma desordem heterogênea e multifatorial, a identificação de características individuais com aprofundamento da abordagem comportamental

continuada e multiprofissional deve ser objeto de mais investigação.

 

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