
O texto abaixo trata da avaliação dietética, parte da avaliação nutricional, também realizada pela clínica do NutriAção. A avaliação dietética visa avaliar o consumo alimentar dos atletas, a fim de encontrar possíveis falhas, como consumo deficiente ou excessivo de algum nutriente.
O texto é retirado do livro "Estratégias de Nutrição e Suplementação no Esporte, 2a ed., 2010", de Simone Biesek, Letícia Azen Alves, Isabela Guerra, e outros autores.
A avaliação da ingestão dietética é um dos procedimentos mais utilizados na prática do nutricionista e em pesquisas de nutrição humana. Ela parte do pressuposto de que a análise do consumo de alimentos pode expressar a adequação na ingestão de nutrientes segundo as necessidades nutricionais do indivíduo, grupo ou população.
Avaliar o consumo alimentar é fundamental para conhecer os hábitos alimentares, o nível de conhecimento em relação à alimentação saudável, as deficiências e os excessos de ingestão de nutrientes de um atleta ou de um grupo de atletas em uma ou em várias modalidades no esporte.

Além disso, com esse procedimento também podemos avaliar
o uso de suplementos alimentares e o consumo de nutrientes
em fases específicas do treinamento ou competição, como os
hábitos dietéticos do atleta antes, durante e após a atividade
física, aspecto de fundamental importância para um bom
resultado durante as competições, bem como para recuperação
desse esportista.
Portanto, tem como objetivo principal obter, da forma mais precisa possível, informações quantitativas e ou qualitativas da ingestão de alimentos e de hábitos alimentares individuais e coletivos. Para isso são utilizados métodos retrospectivos, que exigem que o indivíduo recorde a ingestão dietética de um período de tempo específico, como o Recordatório dietético de 24 horas (R24h), ou Questionário de Frequência Alimentar (QFA) (Figura 1.); ou prospectivos, em que a coleta de dados da ingestão dietética acontece no momento em que o alimento é consumido ou logo em seguida, como o Registro diário (Figura 2.), e Pesagem direta de alimentos.
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Figura 1.

A medição da ingestão alimentar será sempre uma estimativa que poderá retratar de forma mais precisa, ou não, o consumo real do indivíduo e ou população, podendo haver diversas fontes de erros que alteram os valores relatados pelo praticante de atividade física e os reais valores de nutrientes consumidos. Dessa forma os valores podem ser subestimados, situação frequentemente encontrada em caso de atletas do sexo feminino, mulheres idosas, ou que estão em perda de peso, que costumam omitir o consumo de alimentos; ou superestimados, encontrado bastante em casos de magreza, e desnutrição, em que o paciente costuma aumentar a quantidade de alimentos que consumiu durante os relatos para coleta de informações na avaliação dietética.
Avaliação Dietética
Após as informações dietéticas terem sido coletadas, torna-se necessário processar, analisar e interpretar as informações obtidas. A entrada dos dados dietéticos tem sido realizada em programas computacionais que analisam dietas. Esses programas podem diferir em termos de fontes de dados de composição dos alimentos e do número de produtos incluídos. Em geral, alguns desses programas falham em não apresentar produtos regionais e preparações comerciais, receitas e produtos formulados, como os alimentos esportivos.
Um método simples e rápido para interpretar os dados obtidos pelos inquéritos dietéticos é comparar a ingestão dietética com o Guia Alimentar da Pirâmide dos Alimentos e determinar se a maioria dos grupos de alimentos é omitida da dieta do indivíduo ou se raramente é consumida. (1)
Como nenhum alimento pode fornecer todos os nutrientes necessários, a dieta também deve ser analisada em termos de variedade dentro de cada grupo alimentar. Em geral, uma dieta monótona aumentará o risco de deficiências nutricionais.
O crescente interesse na relação entre nutrição e desempenho físico tem gerado diversos estudos na área, demonstrando a importância da composição da dieta como fator que altera a magnitude das mudanças na massa e na composição corporal do indivíduo. Ao mesmo tempo, estudos sobre consumo alimentar tornam-se importantes porque: a dieta balanceada pode reduzir a fadiga, o que permite ao indivíduo treinar por mais tempo; o modismo e a falta de conhecimento a respeito de alimentos e nutrientes adequados para a prática da atividade física são muito grandes; a nutrição adequada reduz a possibilidade de enfermidades; e a existência da associação entre dieta e doenças (dieta como marcador de risco) pode acarretar diversos problemas no condicionamento físico. (2,3)
No contexto descrito, evidencia-se que a avaliação dietética de atletas permite analisar os hábitos alimentares e as principais deficiências do grupo. Além disso, auxilia no planejamento de estratégias de orientação nutricional que possam evitar maiores riscos nutricionais e prejuízo no desempenho físico desses indivíduos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Martins C, Abreu SS. Pirâmide de alimentos – manual do educador. Curitiba: Nutroclínica, 1999. 147p.
2. Willet W. Nutritional epidemiology. 2. Ed. Nova York: Oxford University Press, 1998. 514p.
3. Wolinsky I, Hickson JF. Nutrição no exercício e no esporte. 2. Ed. São Paulo: Rocca, 1996. 548p.
4. Biesek S, Alves LA, Guerra I, et al. Estratégias de Nutrição e Suplementação no Esporte. 2 Ed. Barueri, SP: Manole, 2010. 516p.



